Dicas para driblar a alergia provocada pelo animal

Começa com recorrentes espirros, seguidos por tosse, olhos inchados e lacrimejantes, coceiras e placas vermelhas espalhadas pelo corpo. Com os sinais claros de que algo está causando alergia, a pessoa parte para a investigação dos possíveis motivos e descobre, com muita tristeza, que a doença é provocada pelo bicho de estimação. Não bastassem os desconfortos comuns citados, a pessoa que insiste em conviver com o animal ainda pode sofrer complicações sérias, levando inclusive ao chamado edema de glote – uma obstrução da laringe provocada por inchaço. Nesse momento, começa a saga em busca de tratamentos que amenizem ou até curem o mal, uma vez que se desfazer do tão amado e bem tratado bichinho – considerado, muitas vezes, como um ente da família – está fora de cogitação. Para tanto, médicos e criadores contam como driblar a alergia e continuar recebendo e dando amor aos bichinhos.

Apaixonado por gatos, o bancário Luiz Antônio Gomes insistiu tanto que, entre reações alérgicas sérias e o desejo de criar um filhote, descobriu qual substância no animal causava a alergia e como fazer para que não isso não lhe prejudicasse. Em idas e vindas ao alergista, Gomes soube que o alérgeno estava na saliva e era passada para o pêlo – que, solto pela casa, atacava seu organismo. Munido de informações, que para ele eram preciosas, o rapaz testou e atestou que escovar o bichano diariamente e manter a casa arejada o “imunizava” da alergia. “Procuro manter a casa limpa e pentear os animais com pelos longos para evitar a queda excessiva”, ensina.

Atualmente, Gomes convive não só com o gato da raça himalaia apelidado de Chico, mas também com a cadelinha chiuaua Miucha – e um aquário. Quando, mesmo com todos os cuidados, a doença dá sinais de que vai voltar, o bancário toma logo as devidas precauções. ” Uso a medicação própria para rinite alérgica e coceira na pele e tomo banho imediatamente após escovar o gato”, conta.

De acordo com a médica alergista do Hospital Israelita Albert Einsten Cristina Kokron, o ideal é afastar o animal do indivíduo alérgico, uma vez que as substâncias alérgenas, proteínas específicas para cada animal, estão na pele, no pelo, na urina ou na saliva. No entanto, se não há essa alternativa, o alergista do Sabin Roberto Ronald explica que pode ser feito o tratamento com medicamentos como anti-histamínicos, anti-inflamatórios hormonais (esteroides) ou não hormonais, controles de ambiente ou imunoterapia específica. “Essa última se dá pelo contato repetido com a substância agressora, mudando o padrão reacional do paciente”, conta.

Cristina conta que, para se ter certeza de que uma pessoa é alérgica a algum animal, é necessário ter sintomas clínicos à exposição. “A comprovação se dá por meio da pesquisa de IgE , o anticorpo responsável pelas alergias específicas ao animal, seja por testes cutâneos ou por uma pesquisa do sangue”, explica. Os sintomas podem ser respiratórios (espirros, obstrução nasal, prurido nasal, coriza), sinusite (dor ou não), otite (coceira, dor), faringite (coceira), laringite (falta de ar), asma (chiado no peito, tosse, falta de ar), sinais na pele (coceiras, urticária), dor de cabeça, problemas no aparelho digestivo (diarreia, dor abdominal), anafilaxia (reação alérgica generalizada podendo apresentar urticária) e até choque anafilático, com a queda da pressão arterial, taquicardia e distúrbio de circulação sanguínea, podendo ser acompanhado do fechamento das vias respiratórias.

Simulações
O alergista Roberto Ronald conta que a doença é detectada com testes laboratoriais com dosagem das moléculas existentes no paciente que entraram em contato com o alérgeno. “Ou testes no próprio paciente, em que a substância agressora é colocada em contato com ele por introdução na pele, por inalação ou por ingestão”, descreve. Dessa forma, segundo ele, é possível desencadear as reações no paciente e até simular, controladamente, os sintomas

A solução encontrada por Tomás Rodrigues foi deixar seu bicho de estimação em outro local. Mesmo sabendo que iria sentir saudades de Bartolomeu, um buldogue inglês, o cão foi para a casa da mãe, que tem um quintal grande e arejado. Rodrigues conta que, após um ano e meio convivendo com o bichano, passou a sentir os sintomas da alergia, mas, mesmo assim, insistiu em manter o animal dentro do apartamento. “Quando começou a complicar, tive que fazer uma escolha. Estava com dores nas costas, o pulmão ardia, sentia falta de ar”, recorda.

Rodrigues lembra que em qualquer ambiente aberto não apresenta uma reação alérgica, mas basta colocar o cachorro no colo para sentir os sintomas. “O pior é que ele é um cão amoroso, carinhoso. Fico triste por não poder brincar tanto, mas só de vê-lo e passear com ele já fico feliz”, afirma. O problema, segundo ele, está no fato de a raça soltar muito pelo. “Já percebi que pelos longos não me causam tanta alergia”, observa.

Fonte: Correio


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Atualizado em: 25 de abril de 2011