Para que serve um boi?

Muitas pessoas à primeira vista podem achar que a resposta para essa pergunta é óbvia: para produzir carne. A resposta não é tão simples assim… ele serve para produzir carne também, mas são produzidos inúmeros outros produtos a partir de um boi. Muitos desses produtos, nem mesmo os próprios pecuaristas sabem que foram produzidos a partir do produto que ele criou e vendeu ao frigorífico.

Esse é um assunto muito interessante, e com certeza vai surpreender muita gente, pois a maioria das pessoas não tem idéia do que um boi pode originar… Não vamos nem comentar sobre a carne, pois acho que todas as pessoas sabem o destino desse componente.

Vamos então começar pelo componente mais externo do boi: o couro. Além da utilização óbvia para a confecção de sapatos, cintos e roupas, o couro dá origem à gelatina neutra que será usada na indústria alimentícia na fabricação de maria-mole, chiclete, suspiros, recheios, coberturas, iogurtes, sorvetes, cremes, etc. A gelatina neutra também é usada na clarificação de vinho, cerveja e suco de frutas e em produtos dietéticos. Na indústria farmacêutica ela é utilizada em cápsulas duras ou moles, comprimidos, drágeas, emulsões, óleos, esponjas medicinais, etc. Além disso, ela produz a gelatina fotográfica que é usada em filmes de artes gráficas, papéis fotográficos e filmes radiológicos. A gelatina hidrolisada é usada em cosméticos, dietéticos, bebidas, alimentos líquidos e em outros processos químicos. A gelatina industrial é usada na fabricação de adesivos, abrasivos, fósforos, capsulação de corantes, etc.

Depois podemos falar de crinas e pelos que serão usadas para produção de escovas de enceradeira, escovas para armas de fogo, escovas para lavagem de garrafas, vassoura de pelo e brocha de pintor. Também são usados em luvas de boxe, poétrix (jóias e próteses). Além disto, são usados nos filtros de ar e óleo combustível dos carros.

O sebo produzido tem utilização na indústria química, nos curtumes, nas industrias de sabão, de cosméticos, indústria alimentícia, de tintas, de explosivos, indústria farmacêutica, indústria de pneus, de lápis, fábrica de velas, etc.

Os cascos e chifres são usados em artesanatos, na formação de madrepérola e pérolas artificiais. O produto da moagem entra na composição do pó de extintor de incêndios, o óleo entra na composição dos óleos da indústria aeronáutica como aditivo no lubrificante dos aviões.

A bílis é usada na indústria química e de bebidas e na indústria farmacêutica, onde os sais biliares entram na composição de remédios digestivos, reagentes para pesquisas e pomadas para contusões.

A mucosa do estômago é usada na indústria de laticínios para a fabricação do coalho. Outras mucosas e glândulas são usadas na industria farmacêutica fornecendo diversas substâncias como insulina, hormônios da reprodução, enzimas digestivas, outros compostos enzimáticos, histamina, heparina, imunoestimulantes, glucagon, oxitocina, somatotrofina bovina (hormônio do crescimento), neurotransmissores, tiroxina (hormônio da tireóide), cerebrosídeos, etc, sendo estas substancias usadas na fabricação de remédios para uso humano.

Além disso tudo, há muitos outros subprodutos aproveitados como, por exemplo: conteúdo rumenal, usado como adubo orgânico e na produção de biogás, farinha de carne e ossos usada na fabricação de rações para cães e gatos, os intestinos são usados na fabricação de fios cirúrgicos, cordas para raquete de tênis, etc.
Dessa forma, não é exagero nenhum dizer que absolutamente tudo do boi é aproveitado, podemos dizer de forma simbólica que até o berro é aproveitado, pois pode ser gravado e utilizado em músicas e trilhas sonoras de filmes e novelas.

A pecuária e o abate de bovinos além de gerar riquezas e empregos diretamente, contribui sobremaneira para o funcionamento de diversos outros setores. Se o abate de bovinos parar haverá paralisação direta de 49 dos mais variados segmentos industriais. A pecuária é, portanto um dos principais geradores de riquezas para o país, e deve passar a ser tratada como tal. Para isso é necessária a mobilização de todo o setor para que todas essas informações cheguem à opinião pública. É para isso que trabalha o SIC, participe você também!

Autor: Leandro Bovo, médico veterinário pela UNESP Jaboticabal e Gerente Administrativo do SIC.

Fonte: Site SIC

 

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Atualizado em: 4 de julho de 2011