Castração de bovinos

Ao decidir por castrar um bovino, o produtor precisa levar em consideração o sistema de produção, a raça, o tipo de alimentação, a idade de abate e o destino da produção. O êxito da atividade pecuária depende de vários fatores, dentre eles a forma de manejo dos animais adotada na propriedade. Quando o manejo é feito corretamente, os resultados aparecem no aumento da produtividade da fazenda, na diminuição de perdas de animais, nos índices reprodutivos, entre outros.

A castração é uma medida de manejo tradicionalmente usada no Brasil em vista de o sistema de produção ser baseado em pastagens extensivas, o que eleva a idade do abate. O propósito não é só o de manejo, mas melhoria na qualidade da carcaça. Entretanto, grandes mudanças aconteceram no sistema de produção. Várias regiões do país tem apresentado redução na idade do abate, o que gera a interrogação da real necessidade da prática da castração.

Embora rotineira, a castração de bovinos de corte é um procedimento que sempre gera dúvidas no meio rural. Entre as mais frequentes estão a real necessidade ou não da castração e a escolha da melhor época e método.

A prática tem como atrativo principal a facilidade de lidar com o rebanho, uma vez que os animais castrados tornam-se mais dóceis permitindo a mistura de bois e vacas, mas a sua utilização depende do tipo de exploração pecuária e do interesse particular de cada criador ou associação de raças.

Outra vantagem da castração é que as carcaças dos animais castrados são de melhor qualidade e de maior aceitação no mercado se comparada às dos animais inteiros. Por outro lado, sistemas de produção de animais inteiros apresentam-se atrativos devido ao melhor desempenho em relação aos castrados. Os bovinos inteiros, por apresentarem maior velocidade de ganho de peso e serem mais eficientes na transformação dos alimentos oferecidos em peso vivo, produzem cerca de 15 a 20% a mais de peso do que os castrados.

Pesquisas conduzidas pelo especialista da Embrapa Gado de Corte Gelson Luís Dias Feijó apontam que os mesmos padrões de qualidade de carne e carcaça de animais castrados podem ser obtidos com o abate precoce de animais inteiros. Se o abate for feito a uma idade inferior a 24 meses (animais com dente de leite), a preferência é por mantê-los inteiros, pois até esse período não há diferença significativa quanto à qualidade de carne entre animais castrados e não castrados.

Em relação a melhor idade para se realizar a castração, não existe um consenso. Em linhas gerais, a melhor época é aquela onde haja mais benefícios do que prejuízos, ou seja, uma relação custo/benefício favorável.

A principal desvantagem de castrar o animal no nascimento é a não utilização do efeito anabólico dos hormônios produzidos nos testículos. Retardar a castração para a época do desmame (período de seca) coincide com mais uma prática estressante, assim como a proximidade da época de restrição alimentar. Castrar com 12 ou mais meses tem os inconvenientes do difícil manejo e do grande estresse causado ao bovino, além do risco de se perder um animal de valor considerável.

Pesquisas demonstram que a realização da castração até a fase de puberdade não apresenta diferença quanto ao desempenho do animal. Verificou-se também, que castrações realizadas após a puberdade apresentam ganhos relativamente pequenos devido às dificuldades de manejo e aos riscos gerados. Feijó recomenda, caso o castrar os animais que faça no nascimento ou, no máximo, até a puberdade, quando os riscos são menores.

O recomendado para a castração de machos é que esta se realize na seca onde é menor a proliferação de moscas e outros insetos ou parasitas. Desta forma, diminui-se a possibilidade de infestações por miíases e infecções secundárias.

Para a castração de machos bovinos os métodos mais utilizados são:

Torquês ou burdizzo: assim chamado porque o objeto serve para esmagar as veias, artérias, canais e ligamentos dos órgãos reprodutores. Separados um do outro, os testículos do animal vão-se atrofiando dentro da bolsa que os abriga (saco escrotal) e, aos poucos, são absorvidos pelo organismo do boi – desaparecem completamente depois de, aproximadamente, 40 dias. Esse método tem a vantagem de não ser muito doloroso e de não exigir cortes, evitando-se, assim, o perigo de infecções. Quando bem feito, dá bons resultados.

• Ablação dos testículos: também conhecido como “castração a canivete”. Consiste em se fazer um corte na bolsa escrotal e retirar os testículos do animal. Ao se remover os testículos, deve-se proceder ao controle hemorrágico mediante utilização de suturas, ou na impossibilidade desta, proceder a cauterização.

O sucesso da operação, em animais adultos,  depende muito (cerca de 70%) da contenção bem realizada.

Uma correta higienização local com aplicação de produtos antimicrobianos, cicatrizantes e repelentes é essencial após a castração. A utilização de anestésicos ou sedativos é recomendada  para que o animal fique imóvel e não sinta a cirurgia.

O processo de castração é simples, mas precisa de segurança e deve ser realizado por uma pessoa treinada. Normalmente os tratadores conhecem a técnica e fazem com muita naturalidade.

O importante é que castrado ou não, os animais devem produzir carcaças de qualidade e com grau de acabamento nos padrões exigidos pelo mercado. A opção de castrar ou não vai depender de uma análise criteriosa do produtor.

Fonte: Agro Mundo

Adaptação: Revista Veterinária

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Atualizado em: 21 de novembro de 2012