Impactação intestinal

Tem suas causas no manejo inadequado da alimentação dos equinos, podendo causar as cólicas, muito comuns nos cavalos, e injustamente atribuídas à ração que se oferece ao animal. Até mesmo o volumoso, seu alimento ideal, quando manejado de forma inadequada, pode ser a causa da impactação intestinal.

Pode ocorrer nos seguintes casos:

1. Utilização de fibras grosseiras: baixa digestibilidade – principal causa deste tipo de cólica. Podem se originar de Feno cortado com o talo muito grosso; o feno pode ter sido secado por tempo muito longo, resultando com os talos muito ressecados;

2. Oferecer capins frescos como elefante (napier, colonião, etc.) com o talo grosso e ressecado.

3. Mastigação deficiente: ocasionada por problemas dentários;

4. Ingestão de água insuficiente: provoca fezes ressecadas;

5. Tédio: pode levar o animal à pica (ingestão de corpos estranhos, da cama, de areia, por exemplo.);

6. Consumo de Água Inadequado: em cursos naturais rasos, como rios e lagoas, onde o animal ingere areia do fundo, juntamente com a água.

7. Verminótica: causada após vermifugação, em animais jovens, com parasitismo intenso.

Apesar dos sintomas aparentemente leves, a gravidade deste tipo de cólica é alta, levando, na maioria das vezes, o animal à cirurgia e até mesmo, a óbito.

Devem-se considerar os movimentos intestinais (peristáltico, anti-peristáltico, segmentar e pendular),induzidos por estímulos mecânicos; a ingestão inadequada de alimentos grosseiros, ou impróprios, de baixa digestibilidade, provocará problemas no processo digestivo.

Volumosos grosseiros, ou em animais com problemas de dentição, vão oferecer fibras de baixa digestibilidade, ricas em lignina, e o movimento peristáltico poderá ser aumentado, causando cólicas do tipo espasmódica, resultando o aumento exagerado dos movimentos peristálticos que pode levar a quadros mais graves como volvo (torção de alça intestinal no eixo do mesentério), torção (torção de alça intestinal no seu próprio eixo) ou intussuscepção (invaginação de porção do intestino para dentro da porção seguinte).

Em caso de sobrecarga desta fibra, de baixa qualidade, pode haver a estagnação do bolo fecal. Isto também pode ocorrer pela ingestão de corpos estranhos, bloqueando a passagem do alimento.

No Intestino Delgado, chama-se Quimostase. O curso deste tipo de cólica é rápido, variando de 6 a 12 horas, no duodeno e jejuno e de 2 a 4 dias, no íleo. No duodeno e jejuno, observam-se crises de dor violenta; o animal cai e se levanta rapidamente, pode ocorrer icterícia por crise toxêmica do fígado, há desidratação por obstrução do ciclo da água. Caso ocorra no íleo, há inquietação, perda de apetite, olhadas para o flanco direito, o animal fica em posição de micção, levanta e bate a cauda. A morte pode ocorrer por ruptura de alça intestinal, dilatação gástrica secundária ou por enterotoxemia.

No Intestino Grosso, normalmente no ceco, na flexura pelviana do cólon e no início do cólon menor, denomina-se Coprostase. Também pode ser causada por intoxicação por amitraz (carrapaticida). Os sintomas desenvolvem-se gradualmente. As crises de dor são fracas e podem durar alguns dias. Os animais deitam-se com cuidado, olham o abdômen, assumem posição de micção, e a eliminação de fezes é rara e em pequenas quantidades.

Em um bom processo digestivo, o conteúdo do intestino delgado é semilíquido, ficando mais firme no intestino grosso, onde ocorre absorção de água.

No caso de verminose intensa, ao se utilizar um vermífugo altamente eficaz, que age inibindo a transmissão neuromuscular dos helmintos, estes ficam paralisados no Intestino Delgado, se enovelam, causando obstrução, impedindo a passagem do alimento. Pode ocorrer refluxo nasal contendo vermes (Parascaris equorum). Ocorre uma ação alérgena e tóxica dos vermes mortos que pode levar o animal a um choque toxêmico. Podem-se observar perfurações ou rupturas intestinais, peritonite, intussuscepção.

O melhor, nesses casos, é a prevenção. Como em todas as cólicas, um bom manejo alimentar é fundamental para se prevenir e evitar a impactação.

A utilização de fibras de boa qualidade deve ser condição primordial para um bom manejo alimentar. O feno requer maior cuidado, observando sempre os talos e se não está demasiadamente ressecado.

Em caso de se oferecer o capim picado, não deixar passar o ponto ideal de corte que está ao redor de 1,60 e 2,20 de altura. É comum se observar no período de seca, capineiras com 3 , 4 e até 5 metros de altura. Muitos tratadores tentam minimizar, picando o capim bem curto e, muitas vezes, colocando um pouco de farelo de trigo por cima, para que o cavalo coma o capim. Isto não só não melhora a digestibilidade do alimento como obriga o cavalo a ingerir alimento de baixa qualidade nutricional e, ainda, pode causar problemas como descritos anteriormente. O ideal é oferecer o capim inteiro ou picado num tamanho acima de 5 cm. Desta forma, o cavalo ingere apenas a porção de qualidade do volumoso.

A avaliação das condições dentárias de seu cavalo é muito importante para se prevenirem problemas no futuro. Hoje, existem diversos veterinários especialistas em odontologia equina.

Devem-se avaliar as condições em que os animais ingerem a água. Precisa estar disponível, sempre fresca, limpa e à vontade. Se o animal bebe em rio ou lagoa, certamente estará ingerindo água e, também, areia.

As condições gerais, de vida do animal têm que ser adequadas. Precisa ser solto todos os dias, alimentado adequadamente, tem que estar livre de vícios, como pica, ingerindo substâncias que podem ser prejudiciais a ele.

A aplicação periódica de vermífugos eficazes desde os 30 dias de vida do animal deve-se realizar, com repetições a cada 90 dias, por toda a vida. Caso haja suspeita de alta infestação em um animal jovem, deve-se proceder a uma aplicação de vermífugo mais fraco, ou subdose de um vermífugo de boa qualidade e, após 20 dias, deve ser aplicado a dosagem normal de um vermífugo mais eficaz.

Como em toda e qualquer enfermidade que acomete os animais, o tratamento deve ser feito sempre por um veterinário.

 

Por: André Galvão Cintra

Fonte: Cavalo do Sul de Minas

Adaptação: Revista Veterinária

 

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Atualizado em: 8 de novembro de 2011

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