Tricobezoares em Felinos

Como hábito constante de higiene, o gato limpa sua pelagem com a língua, que possui papilas filiformes e funcionam como uma “escova ou lixa” na remoção de pelos mortos soltos na superfície da pele durante a lambedura. Dessa maneira, ocorre a ingestão de quantidades variadas de pelo. Alguns fios de pelo ingeridos não conseguem se deslocar pelo peristaltismo e se misturam com restos de alimentos e secreções gástricas na mucosa gástrica, podendo conglomerar-se em sólidas massas no estômago ou no intestino, conhecidas popularmente, como “bolas de pelo” (tricobezoares).

A falta de motilidade intestinal durante períodos de jejum, pelagem de pelo longo e ingestão de pelo durante a higiene são fatores predisponentes à formação de tricobezoares na espécie felina. Doenças de pele também podem contribuir para um aumento na ingestão de pelos, como consequência de lambedura ou mordedura excessiva nas áreas acometidas, como nos casos de dermatite alérgica a picada de pulgas e atopia. Situações de estresse como alterações na rotina do gato, podem desencadear lambedura excessiva psicogênica, devendo, portanto, ser evitadas.

Geralmente, na maioria das vezes os gatos expelem os pelos ingeridos através do vômito, entretanto, ocasionalmente, um conjunto de bolas de pelo pode acumular numa extensa área que tem o potencial de causar uma potencial obstrução.

 Em casos obstrutivos, os principais sinais clínicos incluem anorexia, perda de peso, vômito, diarreia e dor abdominal. A melhor opção terapêutica é a intervenção cirúrgica. Em alguns casos a realização de lavagem intestinal pode ser o suficiente para resolução do problema. Em felinos, jamais deve ser realizado enema à base de fosfato de sódio já que é absorvido pela mucosa retal causando intoxicação grave com alterações eletrolíticas importantes como hiperfosfatemia, hipocalcemia e hipernatremia. Sinais clínicos como depressão, ataxia, vômito, gastroenterite hemorrágica, palidez de mucosa, estupor e óbito, iniciam-se cerca de 30 a 60 minutos após a administração do enema.

Condutas preventivas para evitar a formação de tricobezoares incluem escovação diária e frequente, além de tosa periódica (a cada 3 a 4 meses) em gatos de pelo semi-longo ou longo, fornecimento de rações específicas para gatos, de alta qualidade e com grande quantidade de fibras, fornecimento periódico de suplementos vitamínicos, com malte em sua formulação, e em casos de gatos com constipação crônica, pode ser adicionado à dieta, fibras do tipo Psyllium, que auxiliam na motilidade do trato digestivo.

Fonte: Tathiana Mourão dos Anjos (ANJOS, T.M.)

 

 

 

 

 

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